quinta-feira, 23 de junho de 2011

País continua como trânsito de cocaína sul-americana para Europa - ONU

Nova Iorque - A Guiné-Bissau ainda é um país de trânsito de cocaína sul-americana, destinada à Europa, embora a África Ocidental tenha perdido nos últimos anos importância como plataforma, segundo afrimou hoje (quinta-feira) o gabinete anti-narcotráfico das Nações Unidas (UNODC).  

"O tráfico de cocaína na África Ocidental persistiu e a região em especial continuou vulnerável a uma retoma" deste fenómeno, refere o Relatório Mundial sobre as Drogas 2011, hoje divulgado pela UNODC na sede da ONU em Nova Iorque.  
 
Até 2009, a Guiné-Bissau e outros países da região como a Gâmbia, e também da África Oriental como o Quénia ou Etiópia, estavam referenciados como países de trânsito de drogas. 
 
As apreensões de droga em África foram "limitadas" em 2009, menos de um milhão de toneladas, muito abaixo dos níveis de 2008 (2,6 milhões) e 2007 (5,5 milhões). 
 
"Embora esta quantidade seja muito pequena quando comparada com as quantidades provavelmente traficadas dentro e através de África, os dados de apreensões noutras regiões também apontam para um decréscimo da tendência para África, sobretudo, África Ocidental, no tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa", refere o relatório. 
 
A UNODC estima que em 2009 tenham passado por África 35 milhões de toneladas de cocaína sul-americana, das quais 21 milhões entraram no mercado europeu.
 
Há também "indicações de que estão a ser usados países da África Ocidental para armazenagem de cocaína que é mais tarde traficada em pequenas quantidades da Europa". 
 
Nos países europeus, entre eles Portugal, as apreensões de cocaína com origem na África Ocidental registaram um forte aumento entre 2003 e 2006, tendo decaído desde então. 
 
Depois dos distúrbios políticos na Guiné-Bissau e na vizinha Guiné-Conakry, em 2008-2009, o trânsito de cocaína através da região caiu acentuadamente, mas pode vir a ser retomado com maior intensidade, apontava o último relatório da UNODC. 
 
É nesta região que os traficantes, sobretudo da Colômbia, instalaram desde 2004 duas importantes placas giratórias, uma no Golfo do Benim, que compreende toda a região entre o Ghana e a Nigéria, e outra na Guiné-Bissau e Guiné-Conakry. 
 
Segundo o relatório, os países africanos estão a ser usados de forma crescente como plataforma também no tráfico de heroína, sobretudo nos países do norte e austrais. 
 
A UNODC e outras agências da ONU e organismos internacionais têm vindo a alertar para a instabilidade política causada pelos cartéis traficantes de droga em países frágeis como a Guiné-Bissau, muitas vezes cooptando altas figuras do Estado e Forças Armadas. 
 
Moçambique é referenciado no relatório deste ano como um dos países africanos, a par da Côte d'Ivoire, que registou um aumento no consumo de cocaína em 2009. 
 
O cannabis continua a ser a droga mais consumida no continente africano, tal como em todo o mundo.   

Fonte: Angola Press
 

Guiné-Bissau é um «país em perigo»

A Guiné-Bissau foi classificada pela revista norte-americana Foreign Policy, como um caso preocupante de país «em perigo».
Dos quatro países lusófonos analisados pela publicação norte-americana anualmente, a Guiné-Bissau foi considerado o caso mais preocupante dos países lusófonos considerados «em perigo» no ranking de Estados Falhados do Fundo para a Paz.


A Somália, Chade e o Sudão foram considerados países «em estado crítico» e a Guiné-Bissau é o 18º mais vulnerável, da lista de 177 países considerados no estudo, sendo que subiu quatro posições relativamente ao mesmo ranking no ano passado. As fragilidades do país lusófono apresentadas pela Foreign Policy foram o aparelho de segurança, a consolidação de facções entre elites e a perda de legitimidade do Estado.


A Somália, no fundo da tabela, é considerada pelo painel de especialistas da publicação como «o mais prolongado falhanço da comunidade internacional».


Fonte: PNN