quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Guineenses enfrentam filas e taxas para obter Identidade

Ter um Bilhete de Identidade (equivalente ao RG brasileiro) é bom. Ter um Bilhete de Identidade seguro é ainda melhor. Os cidadãos de Guiné-Bissau que o digam. O centro de produção de documentos biométricos, na capital Bissau, é um dos lugares mais procurados nos últimos dias pela população. Todos querem ter um BI novo. Um BI biométrico.Há três anos o governo decidiu trocar os antigos documentos em papel pelo BI biométrico produzido em plástico reforçado. A empresa belga que produz os novos documentos de identificação diz que, além de ser um documento não muito fácil de ser falsificado devido à tecnologia da sua produção, é melhor porque se adapta bem ao clima do país.Quem não tem dúvidas sobre a impermeabilidade dos atuais BI é Domingos Imbenque, diretor do serviço que emite este documento."Justamente por estes serem biométricos, são mais seguros. Porque o que se pretende é controlar a emissão dos bilhetes de identidade na Guiné-Bissau. Os antigos BI eram altamente falsificáveis. Agora com os novos BI é quase, quase impossível a falsificação, para não dizer que é impossível mesmo", disse Domingos Imbenque.O que se pretende, diz o diretor do serviço de emissão do BI, é acabar com "a vulgarização" desta peça de identificação, o que criou tantos problemas ao país no passado, já que existem relatos de casos em que vários cidadãos de outras nacionalidades foram apanhados nas teias da lei munidos de bilhetes de identidade da Guiné-Bissau.Domingos Imbenque garante que não pode haver falsificações dos atuais BI.O problema é a forma como têm sido adquiridos os BI. Vários cidadãos queixam-se de morosidade e alto preço para a aquisição do documento. Algumas pessoas passam horas ou mesmo dias para conseguir o bilhete, que o diretor garante ser possível receber em 30 minutos.Atualmente, existem apenas três locais em que os cidadãos podem pedir a emissão do documento: em Bissau, em Canchungo (norte) e em Gabu (leste), mas, fora da capital, o serviço de emissão só começou há uma semana.O centro de produção de documentos biométricos de Bissau é o local mais procurado por aqueles que pretendem ter o Bilhete de Identidade. O diretor do centro não concorda com as críticas segundo as quais o documento é caro (aproximadamente R$ 110), ou que leva muito tempo a ser entregue.Em três anos de funcionamento, já foram emitidos 130 mil BI biométricos. O pico da procura tem sido registrado nos últimos meses porque o governo cancelou a utilização dos anteriores bilhetes e exige aos funcionários públicos a apresentação do novo documento. "Falta paciência às pessoas, chegam aqui e num minuto ou dois querem ter o BI. Não pode ser, têm que esperar", defendeu Domingos Imbenque, respondendo às críticas sobre a morosidade dos serviços. A Lusa constatou filas enormes de pessoas à porta e dentro das instalações do centro de produção do BI. Todos reclamam que os serviços são lentos."Costumo dizer que estes BI são feitos há três anos, porque é que as pessoas não vieram? Havia tempos em que estávamos aqui sentados sem ninguém para atender. E agora temos esta situação. É natural", declarou Imbenque.

Fonte: Lusa